Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da Saúde
Atenção Primária

do Rio Grande do Sul

Início do conteúdo

Hanseníase

modelo imagem site (1)
Política Estadual de Controle da Hanseníase (PECH)

A hanseníase é uma doença infecto contagiosa de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. A transmissão do bacilo de Hansen, causador da doença é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Atinge principalmente a pele e os nervos periféricos (face, mãos e pés), com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis, incapacidades como a perda motora e deformidades nas mãos e pés, cegueira, amputações se não tratada na forma inicial.

Dados Epidemiológicos no Rio Grande do Sul: a doença está eliminada como problema de saúde pública, ou seja, menos de 1 doente para cada 100 mil habitantes desde 1995. Porém, mesmo com números baixos em relação ao restante do país, ainda há circulação do bacilo causador da hanseníase. De acordo com Boletim Epidemiológico de Hanseníase 2024 do Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul apresentou baixa endemicidade, com taxa de 0,81 casos novos por 100 mil habitantes. Porém, há um alto índice de pacientes com incapacidades instaladas devido ao diagnóstico tardio. 25,7% dos casos tem sequelas mais graves da doença, que poderiam ter sido evitadas com o diagnóstico precoce, que é feito através da busca ativa e exame/avaliação dos contatos dos pacientes por pelo menos 5 anos – tempo padronizado como janela para a manifestação da doença. Porém, não se pode perder de vista o fato de que a doença pode se manifestar a qualquer tempo.

Sintomas de Hanseníase:

  • Lesões de pele com diminuição ou ausência de sensibilidade: uma ou mais manchas de cor avermelhada ou esbranquiçada na pele ou em qualquer parte do corpo;
  • Diminuição ou perda de sensibilidade ao calor, à dor e/ou ao tato em qualquer parte do corpo. Na maioria das vezes ela passa despercebida por não incomodar, pois não coça e nem dói; 
  • Sensação de picadas, dormência ou formigamento em partes do corpo afetadas;
  • Fraqueza nos braços, mãos, pernas e pés;
  • Caroços vermelhos e dolorosos, febre, ínguas, edema de mãos e pés, dores articulares, dor e espessamento nos nervos (neurites) e mal-estar generalizado;
  • A doença pode se manifestar também na forma neural, com sintomas muito parecidos com crises de reumatismo.

Contatos: Ressalta-se que são considerados contatos para cumprimento do PCDT 2022, documento que norteia a hanseníase, toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não”. Logo se faz oportuno a busca ativa dos contatos pela Rede de Atenção a Saúde (RAS). Caso necessário, usa-se o teste rápido para avaliação do contato que se inclua nos pré-requisitos conforme NOTA TÉCNICA Nº 3/2023-CGDE/DEDT/SVSA/MS 

Fatores de Transmissão: 

  1. Convivência de longa permanência: contínua, próxima e prolongada.  

  1. Pré-disposição Genética a suscetibilidade ao M. leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem maior chance de adoecer. 

  1. Apenas 10% da população adoece por conta de transmissão de hanseníase: Cerca de 85% a 90% da população tem defesas biológicas contra o bacilo causador da hanseníase. Estas pessoas não correm o risco de desenvolver a doença, mesmo que convivam com uma pessoa acometida pelo agravo.   Os 10% a 15% restantes, que correm o risco de contrair a doença ao conviver com o doente por mais de cinco anos. 

  1. Indivíduos acometidos pela hanseníase não tratados e com alta carga bacilar: A principal fonte de infecção pelo bacilo também considerado paciente não tratado que na primeira avaliação dermatoneurológica seja classificado como Multibacilar (MB) com forma clínica Dimorfa e ou Virchowiana. Estes, possuem maior probabilidade de eliminar o M.leprae pelas vias aéreas superiores e contagiar um indivíduo que não tenha a proteção biológica contra a hanseníase. 

Diagnóstico: O diagnóstico da hanseníase é clínico realizado através de uma Avaliação Neurológica Simplicada (ANS) nas Unidades Básicas de Saúde ou Serviços de Atenção Especializada. É importante que seja feito diagnóstico precoce, para que não haja maiores sequelas sendo necessário um engajamento dos municípios e das equipes de saúde na prática da busca ativa dos contatos dos pacientes do paciente. Assim, quebra-se a cadeia de contágio. A avaliação dos contatos é primordial para o diagnóstico precoce da doença e a prevenção das incapacidades. 

Vacina BCG para Contatos de Hanseníase: O uso da vacina BCG em indivíduos suscetíveis à hanseníase oferece proteção para os contatos. De acordo com a Coordenação de Apoio à Imunização e Monitoramento das Coberturas Vacinais na Atenção Primária (Cimvac) de 23 de maio de 2023 que reforça na Nota informativa 196/2021 (0033644384), que versa sobre "Fortalecer as ações de vigilância e controle da hanseníase por meio do exame e vacinação com Bacilo Calmette-Guérin- BCG em contatos de hanseníase".                                                                                                                                       

a) A oferta de imunoprofilaxia (BCG) aos contatos de pacientes com hanseníase, maiores de um ano de idade, não vacinados ou que receberam apenas uma dose da vacina BCG;                                                                                                                                           

b) A comprovação da vacinação prévia deve ser feita por meio do cartão de vacina ou da presença de cicatriz vacinal; 

 Vigilância Epidemiológica: A Hanseníase é uma doença de notificação compulsória, tendo uma semana para o prestador de serviço realizar a notificação no SINAN. A doença possui o código CID A 30.9. 

Tratamento: Os pacientes diagnosticados com hanseníase têm direito a tratamento gratuito com a poliquimioterapia (PQT-OMS), disponível em qualquer unidade de saúde que atenda o agravo. A cura da hanseníase pode ser obtida em 6 meses para pacientes classificados como Paucibacilar (PB) ou 12 meses para pacientes classificados como Multibacilar (MB). 

Medicamentos: são fornecidos pelo SUS. No Estado do RS são fornecidos através do Departamento de Atenção Farmacêutica - DEAF. Quatro dias após a dose única de 600mg, os bacilos de um paciente MB não tratado previamente tornam-se inviáveis. De acordo com PCDT Hanseníase 2022 (página 63). 

Estigmas: “A hanseníase quando diagnosticada tardiamente deixa um carimbo, uma marca na pessoa atingida, que ainda hoje se traduz em medo, vergonha e preconceito.  Para além das sequelas que podem ir desde perda de movimento dos pés ou mãos, amputações e cegueira, mora o preconceito que gera o estigma.” 

Canais disponíveis para consulta: 

Programa Estadual de Controle de Hanseníase  (51) 3288-5910   

Ambulatório de Dermatologia Sanitária do RS - Porto Alegre  

Geral (51) 32887650 e Hanseníase (51) 32887659

Atenção Primária do RS